Sunday, May 10, 2009

Tuesday, May 05, 2009

diário de bordo #1

a volta do erea poços 2009.

Foi assim, tudo muito rápido, como as coisas boas sempre são. E aí, chega infelizmente o último dia de encontro, dia de catar o que você trouxe e desafiar as leis da física para comportar tudo em uma mala só. Comigo não foi diferente dessa vez. Então eu, dormindo no colchão alheio - já que o meu virou desinflável - tive minha primeira despedida. Foi às 6h. Depois, às 7h, às 8h, entre trocas de colchões, mais despedidas, mais abraços e beijos rápidos. Tudo assim, meio de mentira, meio de cinema, encurtando o "adeus" para não doer. Tive que levantar às 11h, inevitavelmente com a sensação de não ter dormindo nada, pra fazer caber as coisas na mala. E aí, mais uma corrida pela Cidade EREA, que desta vez era tipo um EREA Paraíso, EREA Estrela Guia - lugarzinho no meio do nada- , Caminho das índias, ou qualquer novela sensacional da Globo, para mais abraços. E juras de amor.. que eu nunca vi tanta gente se amar como esse povo de arquitetura. 12:30h consegui uma carona e fui para a rodoviária com John e Krusty. No caminho, mais histórias sensacionais, canalhices e bafons. Adoro. Cheguei achando que ia ter passagem cedo. Já tinha perdido o ônibus pra Campinas, comprei para o próximo horário: 15 pras 14h. Calmamente, eu e minha mala, nesta hora já nos 33% do meu peso, sentamos num banquinho. Aí chegou o Pará, mocinho descabelado da regional SP. Conversa vai, conversa vem, sentou um outro mocinho perto da gente, o qual tinha certeza ter visto no encontro. Até conversamos com ele, acho que era Juliano. Juliano faz Desenho Industrial na Unesp. Deve ter seus 25 anos, cabelos grandes, calça e jaqueta jeans, e nos fones um Led Zeppelin bombando. Entrou no ônibus comigo e pediu pra sentar do meu lado. Achei uma simpatia absurda. O Pará ficou para trás, e fomos nós - até sabe deus onde - conversando sobre cinema, trilha sonora, música, design e arquitetura. Aí o Juliano desceu, e eu dormi até a rodoviária de Campinas.
Cheguei desesperada atrás de um café. Mas tinha que subir, comprar o translado para o aeroporto de Viracopos ( acho foda!), descer, procurar a plataforma, tudo isso com uma mala enorme, e uma calça manequim 42 da minhã irmã, caindo do quadril e dificultando tudo. Beleza, feito isso era só uma hora de espera até o ônibus chegar.
17:15h, pus a mala no bagageiro. Meu vôo era às 19h30, mas como não imprimi a passagem fiquei achando que era às 19h. Sou relapsa com essas coisas. Acabei chegando com folga, fiquei passeando até achar a livraria LaSelva, e entrei, né. Sempre compro pocketbooks em viagens. Moral da história, tava super fraco, e resolvi arriscar em um Carne Trêmula, de uma autora inglesa, livro que inspirou o filme do Almodóvar. Comprei, né. É um dos meus filmes preferidos dele. Já na sala de embarque, vi o Edgar, professor que deu palestra lá no EREA. Sério, esse cara não existe, parece um personagem de RPG. Fiquei com vergonha de ir falar com ele, e acho que ele me reconheceu, rs. Ficou por isso mesmo, entrei no avião.. 19:30h, graças a deus.

A maravilha das companhias aéreas brasileiras é vender passagens baratas pra gente, e muito mais baratas pra eles. Então, ao invés de gastar duas horas de Campinas até Vitória, gastei 5. Eles vendem os trechos duas vezes. Fizemos uma escala em Brasília, logo ali, super caminho. Genial - pensei- nunca fui à Brasília. Como já sabia que o aeroporto era na putaquepariu, imaginei que não fosse ver nada... maaaas.. sobrevoar e ver as luzes acesas da cidade, iluminando as quadras tão retilíneas, gente, é muito bonito. Fiquei igual uma bobona, lá, batendo palmas internas. Antes de sair, 21:30h, conheci a Larissa, jornalista daqui de Vitória. Larissa trabalhava na A Tribuna, e batemos algos papos sobre... jornalistas. Foi divertido. Foi ficando tarde, estávamos com fome, quase 22h, achamos que dava tempo de comer. Até que deu, mas nunca corri tanto na vida. Na volta do lanche, eu e Larissa pegamos o fim da fila para o embarque, o coração quase saindo pela boca, com medo de ficar em Brasília para sempre.

A Gol e seus lanchinhos medíocres querendo envergonhar a gente. Tomei uma água. Aceitei a balinha 7belo. Fiquei lendo o Carne Trêmula. Já estou desgostando porque não gosto muito de policial, ainda mais inglês. Mas tá.

Tinha esquecido como dói aterrisar, às vezes. Meu tímpano parece que vai explodir, e é quase sempre o direito. Fiquei sentindo uma dor absurda, respirando rápido, as lágrimas escorrendo pelo rosto, antes mesmo de anunciarem que estávamos pousando em Vitória. o:40h. Lembrei de um exercício de respiração que minha mãe me ensinou há um tempo atrás, e num arroubo de sabedoria comecei a fazê-lo. Meu ouvido parou de doer.

0:50h Desci do avião querendo catar minhas coisas e voar para casa. Para a minha infelicidade, rapidamente fui lembrada de que estava em Vitória. Agora existe uma fila para os táxis que você tem que entrar de qualquer jeito, mesmo que seja para cobrar no taxímetro. Eu não entrei, porque não sabia, e a mocinha do caixa deixou bem claro que eu estava errada. Já estava na minha vez, perguntei qual era diferença entre estar ao lado direito dela em vez de estar na frente. Ela não quis saber, e fez voltar para o fim da fila. Esperei mais três pessoas. Puta da vida, entrei no táxi, e não falei mais nada. Vivam as capixabices!

1:20h Maria Francisca urinou a varanda toda com a minha chegada. Wrawra, sempreteamei.
Contei bafons rápidos para Ju, e ela quis chorar por não ter ido. Entrei no meu quarto, com as malas todas, as mil folhas de PA ainda em cima da prancheta, tudo bagunçado. Cavei um buraco para dormir. Tomei banho. Tirei as lentes. Pus os óculos. Escovei os dentes. Fiz um chá. Tomei, e deixei um espaço para wrawra deitar. 2:10h, apaguei as luzes.

Tudo isso em um dia que meu celular indicou MG, SP, DF e ES.