Eu não tenho medo de declarar minhas paixões.
E com certeza, uma delas é irmão da Maria Bethânia.
Eu sei, eu sei, esse lance de ser fã é meio paradoxal , você quer que as pessoas gostem do que você gosta, e eu, ao mesmo tempo, detesto ouvir " bandinha que todo mundo curte".
Mas eu vou explicar o por quê dessa paixão.
É que pra mim, música se mistura harmoniosamente com política e ideologias, acho isso foda, hoje em dia estou respeitando até os punks.
E o Caê, obviamente, é um ser extremamente politizado, nem preciso explicar a conjuntura tropical.
Politizado e velho doido, como Bob Dylan, que comecou a renegar também seu passado hippie.
Mas eu gosto dos dois, e as pessoas caducam mesmo, é inerente ao ser humano ser assim mutável.
Como alguém quer que eu entenda " ah, eu não gosto de Caetano"?
Desculpe, vou me contradizer, mas isso não é só questão musical.
Caetano é sensibilidade, um olhar político arredio sobre um Brasil de jovens medíocres e estáticos, é uma vida marcada de dores, "viagens", censura , parcerias. Um jeito de se jogar sobre o amor, bobagem, sobre um paixão dessas bem avassaladoras.
Eu tenho medo das pessoas que não entendem o Caetano. De verdade.
E não estou dizendo que adorei a trilha sonora de "Dois filhos do Zezé di".
É simplesmente, porque ouvir o baianinho é entender o que é viver. É compreender que o cara largou tudo e chegou fodido em São Paulo, pra fazer aquela música que me deixa arrepiada de tanta história, tanta vivência. É ouvir London, london. Chuvas de Verão. Você é minha. Todos os covers sempre aperfeiçoados. As músicas em inglês com aquela voz única, um sotaque delicioso.
É bem "blasémente" se jogar numa época muito louca, no auge da repressão e da produção cultural.
Vai me desculpar,
Caetano é tesão.