Wednesday, October 15, 2008

convite.

No lado mais esquerdo da calçada, encostados no gradil alaranjado que contornava todo o terreno da escola, o velho e a neguinha travavam conversa sobre amenidades. A mocinha segurava uma sacola qualquer, e parecia ter sido tomada de surpresa. Era muito jovem, baixa, cabelos alisados e tinha um nariz fino, que casava bem com sua delicadeza. Ria alto. Apoiavam-se os dois no gradil, a perna esquerda flexionada sobre a mureta, o calor de fim de tarde evidenciando-se com os poucos ventos. Certamente o velho fizera-lhe um convite. A menina se esquivava, como num jogo, mas não saía do lugar. Observei-os por quase dez minutos. Quando cheguei, eles já estavam lá, feito personagens de um cenário fixo. A cena deve ter durado umas dessas pequenas eternidades que perfazem o dia. Nunca soube quem eram, e o que a menina decidiu fazer. Tomei o primeiro ônibus municipal e deixei os dois para trás, como quem vira a página após terminar um capítulo.

3 comments:

Henrik said...

vi vocÊ sem estar... me vi sem porque....
sinestesia em mim
Henrik CArPANDO LOPES
hahahha
se tiver serviço, estamos ae
hahahaha

Samira Proêza said...

cotidiano, bonito e simples...
gostei.

Derf Walrus said...

eu gosto muito dessas coisas do dia a dia.